quinta-feira, abril 18, 2024
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A silenciosa onda de imigrantes africanos que tenta chegar aos EUA pelo México

Há mais de dois meses, Fahrid e Bryce abandonaram a Guiné, na África, em busca de um país melhor para viver.
Foram de avião até o Brasil e começaram então um périplo por meio de ônibus, botes e às vezes a pé passando por Peru, Equador, Colômbia, países da América Central até chegar ao sul do México.
 
Em Tapachula, Estado de Chiapas, cidade que faz fronteira com a Guatemala, eles descansam em um hotel até conseguir dinheiro para viajar para a Cidade do México, onde partirão para o destino final: os Estados Unidos.
“Saí do meu país por problemas políticos, estava em um partido de oposição. Agora estamos procurando um lugar onde possamos viver melhor”, disse Fahrid à BBC Mundo.
Africanos
 
Os jovens fazem parte de uma silenciosa onda de imigrantes africanos que começaram a chegar no México há vários meses.
Não se sabe quantas pessoas desta região cruzam a fronteira.
Um porta-voz do Instituto Nacional de Migração do México disse à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, que não foi detectada uma “presença importante” de africanos.
 
Mas o número está aumentando: em 2013, o instituto deteve 545 pessoas que vieram da África.
Dois anos depois, em 2015, houve aumento de quase quatro vezes: foram detidas 2.045 pessoas, a maioria vinda da Somália.
 
Multiplicação
Tapachula é um dos principais pontos de entrada de migrantes no México, e por isso já havia recebido africanos antes.
Mas a chegada deles era esporádica, e quase sempre eram pessoas que viajavam sozinhas ou com um acompanhante.
Atualmente a situação é outra, de acordo com Claudette Walls, representante da Organização Internacional para as Migrações da cidade.
 
Antes, conta, detectavam “um ou dois casos”, mas o fenômeno aumentou.
As pessoas que chegam desta região têm um padrão diferente da maioria dos habitantes da América Central que chegam ao México sem documentos migratórios.
Muitos deles se entregam ao INM para conseguir um documento de saída.
 
Este papel permite que eles fiquem no México por 30 dias, sem risco de serem deportados enquanto procuram uma forma de sair do território.
Outros permanecem alguns dias em hotéis da cidade e depois vão de ônibus ou avião para a fronteira com os EUA.
 
A presença de africanos chama atenção de especialistas e organizações da sociedade civil.
“Percebemos uma forte migração extra continental da África passando por aqui”, explica Walls.
 
Rota compartilhada
A rota que Fahrid e Bryce segiuram é uma das mais utilizadas por imigrantes africanos.
Há várias razões: a proximidade histórica do Brasil com a África e dispensa de exigência de visto para africanos em países como o Equador, que adotou a medida em 2008.
Mas também é o caminho utilizado por grupos internacionais de tráfico de pessoas.
 
De acordo com especialistas, esses grupos costumam trabalhar de forma semelhante a grandes empresas legalizadas, ou seja, estabelecem alianças e acordos com organizações locais.
africanos 2
 
Assim, um grupo é responsável por tirar as pessoas da África, outro faz o translado pela América do Sul e outro cuida da acolhida na parte central do continente.
Quando chegam ao México a mesma rede faz o transporte pelo país até as cidades de fronteira, principalmente Tijuana o Ciudad Juárez.
 
No território mexicano os grupos costumam pagar grupos como “Los Zetas”, e no último ano também o ” Cartel Jalisco Nueva Generación”.
O périplo custa entre US$ 5.000 US$10 mil, de acordo com a origem do imigrante.
 
Ajuda
O preço é uma das características da diáspora africana, destaca Walls.
“Não é qualquer um que pode pagar a viagem, e são dois ou três meses em trânsito”, explica.
Quem encara a viagem são pessoas com mais recursos econômicos que a média dos imigrantes, e em muitos casos também com nível de educação maior.
 
Também contam com parentes ou amigos nos países de destino, como nos EUA, quem ajudam a se integrarem na comunidade.
É uma vantagem que outros grupos, como os da América Central, não têm. A maioria deles são jovens sem dinheiro ou que fogem da violência.
 
Fonte: Alberto Nájar
Da BBC Mundo na Cidade do México/ G1
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