sábado, abril 20, 2024
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Casal americano queimado em bueiro no Rio há 5 anos luta por indenização.

Americano conta que eles gastaram as economias, acreditando que seriam indenizados pela Light, a companhia responsável pelo bueiro que explodiu.
Um casal de estrangeiros passeia por Copacabana, cartão postal do Brasil, e é atingido gravemente pela explosão de um bueiro. Foi há cinco anos, quando uma série dessas explosões assustou o Rio de Janeiro. A vida de Dave e Sara mudou para sempre, e eles ainda lutam por uma indenização que não chega.
As cicatrizes e as dores que até hoje elas provocam, jamais deixarão o casal esquecer o que aconteceu na manhã do dia 29 de junho de 2010.
“Vai fazer cinco anos, e continua na cabeça da gente”, diz o pesquisador Dave McLaughlin.
Sara e Dave pararam em uma esquina em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde procuravam um apartamento para alugar. Morar no Brasil era um sonho antigo. Com uma bolsa de estudos de uma universidade americana, o casal tinha acabado de chegar ao país para fazer uma pesquisa sobre a cultura brasileira. O sonho acabou no bueiro.

 

Bueiro Light
Quando o casal atravessava a rua, aconteceu uma explosão. A tampa do bueiro, pesando 300 quilos, atingiu uma altura de quatro metros, e levou junto a americana, que caiu na calçada com o corpo em chamas. Dave, o marido, tentou ajudar a apagar o fogo do corpo de Sara, e também se queimou.
“Olhei para meu corpo e vi minhas roupas queimando. Eu sangrava muito e minha pele estava descolando. Foi quando eu olhei para o Dave e disse que eu estava morrendo”, lembra a terapeuta ocupacional Sara Lawry.
As fotos, mostradas no vídeo acima, foram feitas logo depois do acidente, quando o casal deu entrada no hospital. Dave teve 35% do corpo queimado e Sara 85%.

 

Bueiro light 2
A recuperação de Sara no Brasil foi um sacrifício. Ela fez 14 transfusões de sangue e três cirurgias. Foram 70 dias de hospital e de muita dor. O marido teve alta bem antes que ela, e quando os dois voltaram para os Estados Unidos os problemas se agravaram. Segundo o casal, Sara tinha que continuar com vários tratamentos. Alguns ela até conseguiu fazer, mas o dinheiro acabou. Até hoje, cinco anos depois do acidente, o casal ainda briga na Justiça brasileira, para conseguir uma indenização.
O casal  mora em Cleveland, no estado de Ohio. Sara tem muitas  marcas das queimaduras pelo corpo.
Ela conta que precisava de Dave para tudo: para dar banho, para ajudá-la a se vestir, para levá-la ao médico. E que até hoje tem medo de andar na rua, mas que não tem condições financeiras para procurar um psicólogo. Dave conta que eles gastaram todas as economias, acreditando que seriam indenizados pela Light, a companhia responsável pelo bueiro que explodiu.
“A Light disse para não falarmos com a mídia e na época nós concordamos, achando que eles iriam negociar conosco”, conta Dave.
Sara diz que o diretor da Light fez uma promessa no hospital: “Eu estava enrolada feito uma múmia, ele assumiu a responsabilidade pelo acidente e disse que cuidaria de tudo que fosse preciso. Mas nós não tivemos auxilio nenhum quando voltamos para os Estados Unidos”.
Em 2013, Dave e Sara entraram com uma ação na Justiça brasileira pedindo uma indenização.

“O casal apresentou uma proposta de dano moral e dano estético, um valor, e que a Light simplesmente ignorou”, destaca Alice Moreira Franco, advogada do casal.
A Light discordou dos valores, feitos com base na jurisprudência dos Estados Unidos, onde o casal mora.
“Nos Estados Unidos a prática que se apresenta é muitas vezes de até dez vezes mais o valor praticado aqui no Brasil”, diz o Luís Henrique de Souza Lopes, advogado da Light.
A advogada do casal diz que a Light, então, se recusou a continuar negociando.
“Eles retardam todos os atos processuais ao máximo e questionam inclusive a necessidade financeira do casal”, diz a advogada Alice Moreira Franco.
A Light diz o contrário. “Nós nunca interrompemos as negociações. Nós sempre estivemos à disposição dos advogados do casal. Em 2013, eles propuseram a ação judicial, mesmo assim a Light continuou tentando compor um acordo”, diz Luís Henrique de Souza Lopes.
Cinco anos depois, o casal espera. “Eu tenho vergonha da minha imagem, não uso roupas curtas. As pessoas me olham, e é assim que eu serei para sempre”, lamenta Sara.

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