quinta-feira, abril 25, 2024
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Enquanto a emigração para destinos tradicionais tem decaído, conheça a nova rota dos brasileiros no exterior.

No dia 26 de outubro do ano passado, logo após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, vários são os casos que ilustraram o aumento no interesse de brasileiros em deixar o país. Os dados mais recentes revelam que estamos diversificando nossos destinos. Ao mesmo tempo, sugerem um perfil menos “aventureiro” daqueles que deixam o país.
Em perspectiva, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais desenvolvidas do planeta, as estatísticas mostram que o fluxo de brasileiros – legais – para o exterior diminuiu 28% de 2010 a 2013. Essa queda está relacionada à crise econômica mundial de 2008, que devastou a economia de nações que recebiam muitos brasileiros e afetou principalmente os trabalhadores pouco qualificados. “Como sempre, são os postos de trabalho dos imigrantes os primeiros a serem suprimidos”, avalia Duval Fernandes, professor da PUC de Minas. Não à toa, 65% dos imigrantes que entraram no Brasil no final dos anos 2000 eram brasileiros que decidiram retornar. Três em cada quatro deles tinham até o ensino médio completo.
Desde 2010, houve uma redução drástica do total de brasileiros que migram para destinos históricos. Na Espanha, queda de 41% de 2010 a 2013, segundo a OCDE. “A Espanha foi o segundo país no mundo ocidental que mais recebeu imigrantes na década passada. Com a crise econômica, os fluxos foram reduzidos e começou a haver um saldo negativo”, afirma Leonardo Cavalcanti, do Observatório das Migrações Internacionais. Em países como Portugal, Itália e Japão, os fluxos anuais de brasileiros caíram sensivelmente no mesmo período.
Enquanto esses locais ofereciam menos oportunidades, países com políticas de atração migratória se tornaram mais interessantes. Mas os governos não escolhem imigrantes a esmo: lançam listas buscando profissionais qualificados em áreas específicas. O que mais motiva o brasileiro a sair é a situação atual do país. Temos uma cultura que permite que muita coisa errada aconteça. Empresas especializadas na migração para a Austrália, têm crescido mais de 30% em média ao ano. O perfil dos clientes é de profissionais com experiência em suas áreas, entre 28 e 39 anos.
O caso da Austrália é emblemático: a migração qualificada brasileira no país mais que dobrou desde 2010. Segundo dados do governo australiano, dos 884 vistos de residência emitidos em 2010, 506 (57,2%) eram para profissionais qualificados. Em 2014, foram 1.520 vistos de residência, dentre os quais 1.077 (70,8%) qualificados. Um aumento de 112% no período. Já o número de brasileiros residentes cresceu 33,2% de 2010 a 2014, de 16.550 para 22.050, segundo estimativas do governo.
No Canadá – onde não há separação nos dados por qualificação -, o fluxo de brasileiros atingiu um pico histórico em 2010 e seguiu uma forte redução no ano seguinte. Para autoridades, o recorde está associado a novas regras para acelerar o processo de entrada. Com isso, pedidos de anos anteriores que estavam travados podem ter sido contabilizados. De 2011 a 2013, já sob regras mais ágeis, o número de vistos de residência concedidos por ano a brasileiros cresceu 13,5% – último dado disponível. Essa tendência pôde ser sentida no escritório da província de Quebec em São Paulo, onde o número de palestras sobre migração e também a procura por informações dobraram desde o segundo semestre do ano passado. Outro destaque é o fluxo e a quantidade de brasileiros na Alemanha, que cresceram mais de 25% de 2010 a 2012.
Países como esses oferecerem qualidade de vida e oportunidade aos emigrantes. Figuram no topo do ranking do IDH e precisam de mão de obra qualificada para substituir suas populações envelhecidas e com baixa natalidade. De 2000 a 2010, o número de brasileiros com alta qualificação pelo mundo cresceu 105%, enquanto a população geral de expatriados subiu 85%. Não há registros mais recentes sobre os qualificados, mas o fluxo de brasileiros em direção a países atrativos que buscam essa mão de obra se manteve desde 2010. “Se no passado a predominância era daquele imigrante que ia em busca de um sonho de riqueza fácil, hoje podemos ver uma maior participação do imigrante qualificado”, explica Fernandes.
Um exemplo é a pesquisa da consultoria Hays com 7.000 executivos brasileiros que mostrou que 71% deles estavam dispostos a sair do país em 2014. No ano anterior, eram 62,5%. “Temos visto um aumento considerável de pessoas buscando o Canadá, Austrália, França, Alemanha e países asiáticos”, destaca Luis Fernando Martins, diretor nacional da Hays.
Nos Estados Unidos, a emissão de vistos de imigração para brasileiros cresceu apenas 1,5% de 2010 a 2014. Tem chamado a atenção, no entanto, o aumento da procura do desconhecido visto Eb5. Ele permite obter a cidadania através de investimento de 500.000 dólares em projetos chancelados pelo governo. São poucos os pedidos brasileiros, mas com tendência de alta: 47 em 2014, quase o total dos três anos anteriores somados, 48. Desde as eleições, a procura para empresas especializadas explodiu. No caso do escritório Piquet Law and Firm, triplicou desde novembro. “Os últimos seis meses têm sido uma ‘corrida do ouro’. É um pouco assustador”, diz Alexandre Piquet, conceituado advogado que tem escritório em Miami, Nova York e São Paulo.
Preocupada com o futuro dos filhos,  a professora Katia decidiu se mudar para os EUA , “A gota d’água foi quando meu filho mais velho perguntou quando ele poderia andar sozinho na rua”, conta Katia, que hoje vive em Winter Garden.

Fonte: Veja

 

 

 

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